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O que aprendemos com “Welcome to Wrexham”

“Welcome to Wrexham” já estreou e tivemos a oportunidade de ver em primeira mão o plano de Ryan Reynolds e Rob McElhenney de transformar um time galês na quinta divisão do futebol inglês em uma força global. A série é um documentário que tem os dois atores como personagens principais ao redor do clube, mas também deixa claro o quão entrelaçados Wrexham e Wrexham AFC realmente são.

Um conto norte-americano

Embora haja muitas cenas e momentos para agradar os fãs do esporte, este é um show mais voltado para o público norte-americano, com pouco contexto do futebol britânico e seu cenário. As gírias inglesas e galesas são traduzidas para o “inglês americano” o que é muito interessante e há uma explicação de como o sistema de promoção e rebaixamento funcionam. O série também coloca um holofote no fato de que enquanto os maiores craques do mundo recebem salários de rei, a maioria do Wrexham e suas equipes rivais pagam salários aos seus jogadores comparáveis ​​​​ao seu trabalho CLT de 9h às 18h.

Para Reynolds e McElhenney, o maior feito até agora foi o próprio processo de aprendizado e isso se reflete em como o show é feito. McElhenney explica como a natureza única do sistema de promoção e rebaixamento, uma característica ausente de todos os principais esportes americanos, o ajudou a ficar viciado na ideia de possuir um clube em primeiro lugar.

A dupla norte-americana afirma constantemente durante a série que não têm ideia do que estão fazendo. Mas eles afirmar que na pior da hipóteses, a pessoas vão pelo menos descobrir onde Wrexham está no mapa.

A vida na English National League não é nada fácil

Enquanto o clube e seus torcedores se ajustam aos novos donos/celebridades, a dura realidade do time é exposta. A grande maioria da equipe e sua comissão técnica estão em contratos que terminam logo no fim do ano. O chão está bem gasto, os vestiários são pequenos e apertados, e a coisa mais próxima que os jogadores chegam ter como uma sala de tratamento médico é um banco colocado no meio do vestiário.

Além da realidade física, também ha aspectos mentais e emocionais. No segundo episódio da série, conhecemos o veterano meio-campista do Wrexham, Paul Rutherford. Na cena, fotos de sua familia são mostradas e o atleta é filmado brincando com seus filhos, enquanto ele falava sobre suas esperanças e sonhos para o futuro com o Wrexham. Ao mesmo tempo, você ouve o processo de pensamento de um jogador que sabe exatamente como funciona o sistema de promoção e rebaixamento: “Eu quero fazer parte disso. Mas temos de ser realistas sobre as coisas, principalmente para mim que já sou um veterano.”

O documentário certamente não é insensível na forma como apresenta os assuntos, mas os aspectos negavitos e positivos são abordados da mesma forma. Enquanto a alegria e a esperança que o sistema de promoção e rebaixamento possibilita aos fãs, a série também mostra algumas de suas realidades mais esmagadoras.

“Apesar das estrelas, o personagem principal é o próprio Wrexham”

Há uma banda em destaque em “Welcome to Wrexham” chamada The Declan Swans. Para os propósitos do show, pelo menos, eles praticam e tocam apenas uma música, repetidamente:

Less than a mile from the center of town
A famous old stadium crumbling down
No one’s invested so much as a penny
Bring on the Deadpool and Rob McElhеnney

Geralmente, as músicas que são cantadas por multidões de torcedores bêbados são inteligentes e grudam na memória. Para os integrantes de The Declan Swans, isso soa como novidade. “Ninguém nunca cantou nenhuma de nossas músicas antes”, disse o baterista Mark Jones para a câmera, sorrindo um pouco incrédulo.

LEIA MAIS: O Impacto de “Welcome To Wrexham”

A música que “Welcome to Wrexham” canta repetidamente é uma carta de amor para a cidade, seu povo e os torcedores, funcionários e jogadores que se reúniram no estádio Racecourse Ground, também conhecido como o coração não oficial da cidade. Enquanto os donos do clube e estrelas do show aqui são enormes, os jogadores e fãs são tudo menos isso. E o show brilha mais quando se aprofunda nas minúcias da vida dessas pessoas: seus problemas familiares, seus triunfos profissionais, seus sustos médicos.

Isso não quer dizer que o show é mostra apenas a realidade, obviamente algumas partes são roteirizadas, e isso provavelmente vai incomodar algumas pessoas. Aliás, todo o empreendimento de como a série surgiu certamente não está protegido de críticas: é moralmente correto se tornar donos de uma equipe sabendo que você quer transformar o processo em conteúdo?

Ryan Reynolds e McElhenney não escondem o desejo de transformar a posse do Wrexham em uma série de documentários, inclusive dizem isso em seu discurso para o Wrexham Supporter’s Trust antes que o grupo vote sobre a venda do clube para a dupla ou não.

O sucesso do clube pode estar diretamente ligado ao sucesso da série, pois se o objetivo de conduzir o clube a Premier League for realizado, a série com certeza virará um sucesso de streaming e o retorno financeiro será gigante vindo do âmbito esportivo e também do documentário.

Se há uma coisa a se dizer da dupla de atores é que eles não são as estrelas de “Welcome to Wrexham”, a cidade de Wrexham é. E através de tudo isso, há a sensação de que o Wrexham AFC será o navio que transporta a cidade através das ondas da vida. Não importa quão simples ou complexo o dia a dia se torne, a equipe tem o poder de guiar seus seguidores através das tempestades.

E mesmo na quinta divisão do sistema inglês, há momentos de esperança, momentos de sonho, um farol surgindo no meio do nevoeiro. Esse fio de esperança se transformando em algo mais é a alegria de “Welcome to Wrexham”. E se a equipe de Reynolds e McElhenney replicar esse sentimento em campo, assim como o apresentou no documentário, será difícil dizer que a posse do clube não teve um começo bem-sucedido.

Fonte: ESPN

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