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A relação entre o Bloody Sunday e James McClean

James McClean, jogador profissional de futebol e nascido em Derry, Irlanda do Norte, tem sido uma figura controversa e frequentemente perseguida no mundo do futebol.

Crescendo em Derry, uma cidade marcada pelo conflito conhecido como “The Troubles”, McClean foi profundamente influenciado pelos eventos do Bloody Sunday em 1972, onde 14 civis foram mortos pelo exército britânico. Essas experiências moldaram suas visões políticas e suas ações subsequentes.

A cada novembro, durante o Remembrance Day no Reino Unido, McClean se recusa a usar o símbolo da papoula, um gesto de memória aos militares britânicos caídos.

Ele justifica sua posição como um protesto contra as ações do exército britânico em Derry, especialmente no Bloody Sunday, o que frequentemente resulta em intensas críticas e hostilidades por parte de certos segmentos da população e da mídia.

McClean enfrenta vaias regulares, abuso nas redes sociais e até ameaças físicas por suas ações, destacando uma divisão cultural e política ainda presente no esporte. A perseguição também destaca o desafio de expressar identidades nacionalistas irlandesas dentro do futebol britânico.

O que foi e o que aconteceu no Bloody Sunday?

O Bloody Sunday (Domingo Sangrento) ocorreu em 30 de janeiro de 1972, em Derry, Irlanda do Norte, durante o auge dos conflitos conhecidos como The Troubles. Foi um dos episódios mais marcantes e trágicos da história do conflito entre unionistas (pró-Reino Unido) e nacionalistas (pró-Irlanda).

  • Uma manifestação pacífica organizada pela Northern Ireland Civil Rights Association marchava pelas ruas de Derry para protestar contra a política britânica de internamento sem julgamento de suspeitos ligados ao movimento republicano.
  • Durante o protesto, soldados do 1º Batalhão do Regimento de Pára-quedistas do Exército Britânico abriram fogo contra os manifestantes, matando 14 civis desarmados (13 morreram no dia, e outro faleceu meses depois devido aos ferimentos).
  • Outras 15 pessoas ficaram feridas no ataque, todas desarmadas.

Por que isso aconteceu?

O contexto era de intensas tensões políticas e sociais na Irlanda do Norte. O governo britânico havia implementado medidas severas para conter a violência, incluindo a prisão de suspeitos de terrorismo sem julgamento, o que gerava revolta na comunidade católica nacionalista. A manifestação buscava pressionar o governo britânico contra essa política.

Os soldados alegaram que estavam respondendo a disparos de “terroristas” da IRA (Exército Republicano Irlandês), mas investigações posteriores provaram que nenhuma das vítimas estava armada ou representava ameaça.

Consequências do Bloody Sunday

  1. Aumento da violência: O massacre agravou as tensões e incentivou mais pessoas a se unirem à IRA, intensificando os conflitos armados.
  2. Condenação internacional: O evento foi amplamente condenado pelo mundo e chamou atenção para o tratamento dado pela Grã-Bretanha à comunidade nacionalista católica na Irlanda do Norte.
  3. Investigação inicial contestada: Em 1972, o governo britânico conduziu a Widgery Inquiry, que isentou os soldados de culpa, gerando revolta por parte das famílias das vítimas e da comunidade.
  4. Relatório Saville (2010): Após anos de pressão, uma nova investigação reconheceu que os mortos eram civis inocentes e condenou as ações dos soldados como “injustificadas”. O então primeiro-ministro britânico, David Cameron, fez um pedido formal de desculpas em nome do Reino Unido.

Por que é importante para James McClean?

James McClean, nascido em Derry, cresceu em uma comunidade que sofreu diretamente com os impactos do Bloody Sunday. Ele se recusa a usar a papoula no Remembrance Day porque a considera um símbolo de apoio às ações militares britânicas, incluindo episódios como o Bloody Sunday, que marcaram profundamente sua cidade e comunidade.

Fontes: The Museum of Free Derry, UK Parlament e The Irish Times

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